21/10/2010

Tudo Azul

O anúncio no jornal era interessante. "Duplex, 2/4, frente, vistão, pronto pra morar". Pronto pra morar era exatamente o que minha irmã procurava. Fomos ver.
A primeira vista pareceu estranho subir o morro. Será que o apartamento é bom? Será que é perigoso? Será que vale a pena? Será que vizinhança é tranquila? Milhares de perguntas.
Nós não falamos muita coisa, ligamos o rádio do carro e ficamos cantando. Minha irmã e eu somente trocávamos alguns olhares durante o caminho, essa coisa clichê de irmã, sabíamos tudo o que se passava na cabeça uma da outra.
Na Subida do Morro deu um frio na barriga. É moto passando pra tudo o que é lado. Camelôs de todos os tipos. Música alta vindo de vários lugares diferentes. Gente gritando. Criança brincando. Todos convivendo harmoniosamente no caos.
Subindo, subindo, subindo...
Depois de quatro curvas, um "ponto de encontro"e um bocado de "ai meu deus", chegamos ao nosso destino. É claro que o corretor não tinha chegado ainda. Conversamos com o porteiro e entramos no prédio. Tem o hall da portaria, e-tem-u-ma-vis-ta!!!
Desandamos a falar. Tava tudo azul. O céu tava azul, o mar tava azul, as gaiovotas voando pelo oceano, as ilhas, o arpoador... tava tudo ali pronto pra ser nosso.
Pulinhos, palmas de foca, gritinhos. E toda a ansiedade se transformou em euforia. Afinal quem não quer morar de frente pro mar?
Nosso querido corretor chegou depois de eu e minha irmã termos nos feito, finalmente, as tais perguntas e combinações,"ó, vê se não vai dar pulinhos na frente do moço, tá?" Ser irmã mais nova tem dessas, a gente escuta cada coisa.
Bom, o apartamento é ótimo. A vista de fato é incrível. E pronto pra morar!!! Ponto importantíssimo nesse momento da vida.
"Seu corretor, tá tudo muito bem, tá tudo muito bom, mas e os vizinhos?"
"Aqui já morou a Gal Costa, o Jonathan Haagensen também mora aqui, tem um roterista da globo, vários atores..."
Eu tive vontade de chutar o saco dele nessa hora. "Ô seu imbecil, você acha mesmo que é dessa vizinhança que a gente tá querendo saber?" Eu sorri amarelo, olhei pra minha irmã e saí de perto. Na verdade não ouvi o resto que o Seu Corretor falou. Não simpatizo muito com eles.
Depois fiquei sabendo que ele disse que o morro era tranquilo. Quando saímos, fomos perguntar de novo para o Seu Porteiro dessa vez. Foi a mesma coisa. "Muito tranquilo, Dona."
Tá decidido! É pra cá que a gente vai se mudar.
E já que estávamos lá, aproveitamos pra dar uma olhadinha na rua. Realmente parecia tranquila, com cara de bairro. Tem um café muito do simpático em frente ao prédio. Tem as motos subindo e descendo frenéticamente. Vi uns táxis também subindo com passageiro.
Incrível como foi tudo certo. Tivemos a melhor impressão que poderíamos ter tido.
Ninguém mexeu com a gente, ninguém assoviou enquanto passávamos, não teve "psiu" ou "gostosa". Ficamos ali na rua um tempinho, olhando, vibrando.
Tava tudo azul.
Tava decidido.

7 comentários:

  1. Isso aí perua, vamos botar pra fora que quem deixa dentro sabe no que dá. :)

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  2. Ai! Como eu gosto de te ler guria! =)

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  3. A Laura escreve bem... Você também arrasa!!!
    Morar no começo da colina é tudo de bom!
    Parabéns pelo Blog.
    Marcio B

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  4. Entendo o calor e a importancia do momento e também o misto de euforia e preocupação, vim também morar aqui no Horto, num condominio que consta do google como Favela,O Dona Castorina, estou a mais de um ano e te digo que é uma rapaziada ótima, como em qualquer comunidade mesmo das mais aquinhoadas trata-se apenas de equilibrar reserva e boa vizinhança...fala pra tua irmã que ainda estou aguardando pra tomarmos vinho...trocaremos visitas elucidativas!!!!fiz uma obra que gostaria que vissem.Beijos
    Edu

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  5. Muito bom, Lu. Você sempre escreveu muito bem, mas é fácil, né? Não dá pra ser profissão! beijos. Gostei

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  6. aê mãesona muitos parabenses pra voces .achei muito engraçado!!!bjoss thau te amo
    teu filhão

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